1-INTRODUÇÃO
Antes de dizer o que se pretende expor no presente texto, é bom deixar claro, com muita exatidão, o que não se pretende afirmar.
Quando se aponta para a Medievalidade no século XXI, pode parecer ao leitor que este trabalho será mais um informado pela absoluta ignorância trevosa daqueles que repetem asneiras como papagaios e utilizam tudo quanto diga respeito à época conhecida como “Medieval” em um sentido pejorativo, valendo-se reiteradamente da nefasta e equivocada expressão “Idade das Trevas”.
A própria expressão “Idade Média” já vem carregada de preconceito histórico, gerado, como todo preconceito injustificado, pela mais profunda ignorância. A chamada “Idade Média” surge como um período supostamente nefasto e estéril incrustrado entre as glórias da Antiguidade e do Renascimento. Por isso, é comum a referência a expressões como “retrocesso aos tempos medievais” para desvalorizar tudo quanto se pretenda criticar negativamente em nossa época.
Dentre muitos estudiosos, PernoudPERNOUD, Régine. O Mito da Idade Média. Trad. Maria do Carmo Santos. Lisboa: Europa - América, 1978, “passim”. é quem, de forma mais transparente e com base em fontes primárias, desmente aquilo que denomina de “Mito da Idade Média”. A historiadora se surpreende com o fato de que, ainda hoje, uma série de absurdos e estreitezas de visão sejam capazes de “fazer lei”, uma espécie de “dogma” supostamente científico entre indivíduos absolutamente néscios sob o ponto de vista científico – históricoOp. Cit., p. 21..
O que realmente se tenciona com este texto é apresentar em breves linhas as características (especialmente das relações sociais e intersubjetivas) do regime feudal e da vassalagem, para demonstrar algumas similaridades que ocorrem com a organização social e política das chamadas “comunidades carentes”, bem como a promiscuidade entre a política e os políticos e essa organização social, no que diz respeito às relações de poder e favores diretos e indiretos, especialmente com aqueles que exercem uma liderança local por meio da força. Fato é que se o regime feudal e a vassalagem tiveram motivações e justificativas em dada época histórica, hoje as relações semelhantes encontráveis são tipicamente uma espécie de cabresto eleitoral, curral de almas dóceis, totalmente dissociado de um pretenso regime vigente em um Estado Democrático de Direito.
Clique aqui para ler o artigo completo.